terça-feira, 20 de julho de 2010

Encontro dos Flynáticos

Quando criei esse blog meu maior objetivo era fazer amigos e divulgar a pesca com mosca aqui na região. Depois do último sábado fiquei com a sensação de que estou no caminho certo. O encontro foi muito proveitoso, pois fizemos novos amigos de Ribeirão Preto e região, trocamos idéias e informações sobre pesca e atado, e o mais importante: pessoas que amam o fly e possuem os mesmos ideais de preservação estão se congregando.
Quero agradecer a todos os amigos que compareceram ao encontro e especialmente a loja Edleo Caça e Pesca, que nos cedeu gentilmente seu espaço para a realização do evento.
Muito obrigado!




quinta-feira, 15 de julho de 2010

Os leaders para a pesca com mosca

Muito se tem dito e escrito sobre esta peça essencial do equipamento que usamos. Em algumas pescarias este componente é o mais delicado de ajustar para ter êxito na apresentação das nossas moscas. Também convenhamos que por trás de tudo o que envolve o aspecto técnico do leader existe uma questão de escolha do pescador. Sim, assim como usamos uma vara, uma carretilha e uma linha específica, escolhemos o leader. O detalhe é que as vezes fazemos esta escolha por praticidade, o que nem sempre é um atributo interessante. Tal vez o ponto mais importante para sua função é de que ele responda às necessidades da pesca que estamos realizando de maneira correta. E isto depende de vários fatores que poderemos ver a seguir.
A praticidade que estou mencionando se daria no sentido de poder trocar de leader facilmente se ele se danifica, trocar facilmente a ponteira (tippet), e entre todas as coisas engatá-lo na linha e sair pescando sem muita cerimônia. Isto tudo pode trazer alguns problemas que convergem na hora em que nossa mosca passa na frente do peixe, é nesse momento em que o leader deve funcionar corretamente para ter sucesso.
Pensemos que a primeira função do leader é transmitir a energia gerada pelo peso da linha para arremessar nossa mosca, logo depois levar a mosca para frente em forma de “loop”, de imediato pousar na água e apresentar a mosca para o peixe que pretendemos capturar. Para todo este processo é necessário observar que esse leader deve ter uma configuração de montagem ou fabricação para cumprir este objetivo.

O que é o Leader para a pesca com mosca?
Podemos chamar de leader a todo pedaço de linha/monofilamento que conectarmos à nossa linha de fly, mas devemos dizer que para que ele cumpra a função que colocamos no paragrafo anterior deve ter “conicidade” ou um afinamento, de mais bitola para menos. Este atributo permite que essa transferência de energia e posteriores funções aconteçam. Neste “afinamento” distinguiremos 3 partes: uma traseira (butt), uma intermediaria (taper) e uma ponteira (tippet).
Estas 3 partes tem suas funções: o butt transmite a energia com velocidade, o tapper desacelera o movimento e o tippet entrega a mosca com suavidade desacelerando ainda mais esta transferência. Esta relação entre as partes do leader é a que permite diferentes ações desta peça fundamental do equipamento. Agora bem, poderíamos perguntar: qual são as dimensões para cada parte do leader? Qual é comprimento? Qual é a bitola de cada parte? Para responder estas perguntas teremos que contar com vários fatores. Eu considero um fator primordial o tipo de pescaria que vamos realizar em primeira instância (tipo de peixe!) e o tipo de equipamento que vamos utilizar (vara, linha de fly e tamanho do anzol da nossa mosca).
Observemos os tipos de peixe. Para nossos ambientes: Tucunarés, dourados, piraputangas, matrinxãs, peixes amazônicos em geral, muito fortes. Agora os equipamentos: varas pelo menos #6, de ação rápida, linhas WF de torpedo curto (também de transferência rápida), apropriadas para lançar moscas (até poppers!) em anzóis #2 até 4/0. Com estas características nosso leader deveria ter uma proporção maior de butt, um tapper e um tippet de proporções menores. Vamos dar uma noção de construção desse leader para a pesca desses peixes com esse equipamento. A bitola do butt para linha #6 pode ser de monofilamento 0,50 mm, o tapper poderia ser monofilamento 0,45 mm e o tippet 0,40 mm. Pensemos que as variáveis são a linha de fly (maior peso da linha, maior bitola do butt) e o tamanho do anzol (maior tamanho do anzol aumenta a bitola do tippet). O comprimento total entre 1,5 m até 2m.

Vejamos como emendar este monofilamento. Basicamente usamos 2 nós muito efetivos: o nó de sangue ou duplo cirurgião.


Agora bem, vamos pensar em pescas mais delicadas, ou seja peixes menores (nem sempre!), equipamentos mais leves, por exemplo a pesca de trutas. Neste caso o leader joga um papel preponderante para o sucesso da pescaria. Pensemos em águas transparentes e um tipo de peixe que tem uma visão privilegiada. Se ele detecta o leader não aceitará nossa mosca, muito menos se vê a linha de fly, por isso usamos leaders mais compridos. Se o leader aparece no arremesso que nem um chicote também seria um problema, a truta percebe esses movimentos bruscos, ainda na hora de cair na água teremos o detalhe de que nossa mosca não se freie na correnteza e derive de forma natural. Por incrível que pareça, muitos desses problemas se solucionam com a utilização de um bom leader. Para isto foram criadas as conhecidas “fórmulas”, patenteadas com o nome de algumas celebridades do fly fishing. Estas propostas não passam de combinar as bitolas em determinadas porcentagens como vimos em nosso leader anterior para as espécies amazônicas. A complexidade está que cada parte é formada as vezes por até 4 bitolas deferentes! Sempre o tippet é de uma bitola só. Também devemos pensar no uso de anzóis muito pequenos o que implica tippetts muito finos, às vezes de até 0,10mm. Como falamos em porcentagens poderíamos expor algumas fórmulas: a do Charles Ritz é 60% butt - 20% tapper - 20% tippet. A do George Anderson é 65% butt - 25% tapper - 10 % tippet. George Harvey propôs uma fórmula inovadora, ideal para equipamentos #3 ou #4, para moscas secas, pensando numa apresentação muito suave para derivas naturais da mosca: 25 cm de nylon de 0.43 mm, 51cm de 0.38mm, 51cm de 0.33mm, 51 cm de 0.28 mm, 30 cm de 0.23mm, 46 cm de 0.20mm, e 56-71 cm de 0.18 mm para o tippet. As emendas dos monofilamentos usam os nós que colocamos nas figuras acima. Ainda gostaria de apresentar um tipo de leader que podemos nós mesmos fabricar e que poderíamos chamar de “simplificado”, modelo que apareceu na revista espanhola “Anzuelo y sedal” há alguns anos atrás. Estes são compostos de três pedaços de monofilamento e como é pensado para uma pesca de trutas poderíamos colocar algumas medidas para termos uma ideia de sua construção. Pensamos em um leader de 3mts.

Este leader tão simples funciona com quase todas as qualidades das formulas mencionadas acima pensando também que sua construção fica resumida a dois nós somente. Devemos completar a informação dizendo que a escolha do tippet nestes leader se fundamenta no tamanho dos anzóis que iremos usar utilizando algumas tabelas de equivalências:

Reparemos o tamanho do anzol da mosca, a nomenclatura do tippet em “X” e a bitola do monofilamento. Esta relação permite que as moscas trabalhem de forma natural e que o tipett passe o mais despercebido possível na a presentação. Outro detalhe é a resistência dessas bitolas ao peso e força empregada na luta com o peixe. Se usamos varas de ação rápida convém tippets mais grossos, também se usamos numerações de equipamentos com numeração mais alta (#6 ou #7) os tippets devem ser mais resistentes. Equipamentos de numeração mas baixa (#5 até #2) e varas mais lentas permitem tippets mais finos.
De tudo o exposto até aqui posso dizer na minha experiência que neste tipo de leader (com nós) são todas as fórmulas passíveis de experimentação e mudanças a gosto do pescador. Particularmente faço estas modificações para varas e linhas mais rápidas (WF- bass taper), numerações acima de #6, anzóis grandes: butt mais longos - monofilamento mais duros - bitolas mais grossas; ou para varas mais lentas, linhas lentas (DT), numerações para baixo do #5, anzóis pequenos: but curtos e monofilamentos mais flexíveis - bitolas mais finas – tippets mais finos. O comprimento total do leader sempre o relaciono com o da vara a ser usada e com a velocidade e tipo de linha. Para isto sempre é bom perder um tempinho testando, não na água e sim na grama, observando como se comportam no arremesso as medidas escolhidas.
Tipos de leaders
Atualmente dispomos de três tipos de leaders: os leaders com nós, comerciais ou feitos pelo pescador, os leaders sem nós (Knotless) e os trançados (Braided). Os primeiros já comentamos até aqui. Os leaders sem nós são muito práticos e já vem com o diâmetro do tipett a usar, uma vez encurtado é possível emendar para seguir usando com outro pedaço de monofilamento de bitola compatível. Os trançados são também muito úteis e basicamente só temos que acrescentar o tippet. Este tipo de leader tem a opção de serem flutuantes ou de afundamento.Vimos até aqui algumas características desta peça fundamental para o equipamento de mosca, somente restaria dizer que as experimentações são sempre validas e que vale ala pena de cuidar deste acessório importantíssimo para ter sucesso na hora “H”, a hora de pescar!
Enviado por Eduardo Hector Ferraro

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Desabafo

Domingo passado viajei até Miguelópolis-SP a convite de um amigo, para pescar tucunarés na represa de Volta Grande.
Esta represa foi considerada nos anos 90 uma das melhores da região sudeste para a pesca do tucunaré.
Infelizmente hoje, a exemplo de tantas outras, os peixes estão cada vez mais escassos. A pesca predatória é uma constante na região. Em apenas algumas horas de pesca, encontramos quatro barcos com pescadores profissionais estendendo suas enormes redes e varrendo tudo que encontravam pela frente.
Além dos pescadores profissionais, existem também os amadores que criminosamente usam suas redes, tarrafas, anzóis de galho, etc. em busca de qualquer espécie, em qualquer local e em qualquer época do ano.
Eu tive a felicidade de ter sido ensinado desde cedo a respeitar a natureza e soltar a maioria dos peixes, imaginem minha revolta quando vejo essas coisas.
Sempre ouvi dizer que nós somos felizardos, pois o Brasil é um paraíso para a pesca esportiva. Coisa nenhuma! Poderia ser, mas não é. Vou dar dois exemplos, além de Miguelópolis, que comprovam minha afirmação.
Há vinte anos atrás era possível pescar mais de 30 Dourados num único dia, nas corredeiras do rio Taquari, no Pantanal Mato-grossense. Devido ao plantil inconseqüente de soja, suas margens foram assoreadas e hoje em dia nem mandí se pesca mais nesse rio.
Há apenas treze anos atrás o rio Uatumã, no Amazonas, era o destino preferido dos pescadores de tucunaré. Alguns dos maiores recordes de tucunarés registrados na IGFA (International Game Fishing Association) foram capturados ali. Este rio foi explorado sistematicamente, de maneira irresponsável por dezenas de barco-hotéis repletos de pescadores ditos “esportivos”, que enchiam seus isopores de tucunarés enormes, praticamente dizimando a espécie no local.
O Brasil ainda possui inúmeros locais excelentes para prática da pesca esportiva, más até quando? Temos que ir cada vez mais longe em busca dos peixes.
Minha idéia de “paraíso da pesca esportiva” seria um país onde as pessoas tivessem educação, esclarecimento e principalmente respeito pelo meio ambiente. Neste país, as autoridades encontrariam formas sustentáveis de manter os recursos pesqueiros, nós poderíamos praticar nosso esporte favorito e eventualmente comer um peixe fresco pescado em um rio limpo e piscoso, bem próximo de nossas casas. Más infelizmente isso é utopia, estamos muito longe disso.
Certa vez um professor da graduação me disse que os grandes felinos da África estão com os dias contados, pois onde há fome e ignorância é impossível pensar em preservar. Acho que ele tem razão.
Voltando a pescaria de domingo, nem preciso dizer que foi ruim. Pegamos poucos peixes e de tamanhos diminutos. Ao invés de voltar para casa relaxado e com boas lembranças, voltei com um sentimento de revolta e tristeza.
Abraço a todos.