quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tá frio? Vai pescar!

Sempre ouço os amigos comentando que não estão pescando por conta do frio.
Eu não deixo de pescar nem que esteja nevando.
É possível sim pescar no inverno, desde que façamos algumas alterações na escolha da espécie pretendida e nos horários da pescaria.
Os peixes, assim como outros animais têm uma zona de conforto térmico que pode variar dependendo da espécie. Nos pacus, por exemplo, a temperatura ideal é em torno de 26 graus centígrados; nos tambaquis, entre 27 a 29 graus; no dourado, 25 graus e assim por diante. Como os peixes estão à mercê das variações externas de temperatura (pecilotérmicos), nas águas frias do inverno eles perdem o ponto ideal de funcionamento do organismo.
A atividade dos peixes diminui drasticamente com a chegada das frentes frias, más algumas espécies não sentem tanto a alteração de temperatura.
As tilápias, por exemplo, praticamente não alteram seu comportamento, podendo ser capturadas durante o ano todo.


As trutas, originárias do hemisfério norte, tem seu conforto térmico entre 15 e 17°C.

Já os tucunarés são mais sensíveis a essas alterações, porém acredito que o mais prejudicial seja a variação térmica brusca. Se num dia está 30°C e a noite entra uma frente fria, com certeza na manhã seguinte não teremos ações, más se tivermos uma semana de frio contínuo, por exemplo, o peixe terá que se alimentar.
Nesses dias frios devemos alterar nossos horários, pois os peixes vão alterar os deles também. Não adianta começar a pescar as 6:00hs da manhã, já que a água vai estar extremamente fria e os peixes estarão letárgicos. O ideal é jogar a isca depois das 10 ou 11 horas da manhã.
No inverno, aqui na minha região, a alta amplitude de temperaturas é uma constante, com dias quentes e noites frias. Nessas ocasiões é comum encontrar os tucunarés no final da tarde nos locais mais rasos, pois a água passou o dia todo esquentando.

Os Dourados e as Tabaranas também diminuem sua atividade, más tenho tido algumas ações sempre nas horas mais quentes do dia, entre 12 e 16 horas.

Outro ponto a ser observado é em relação ao equipamento. Não adianta querer utilizar linha flutuante e popper num dia frio. Com a temperatura externa mais fria, a coluna de água mais agradável ao peixe estará em profundidades maiores. O ideal é mudar para uma linha full sinking ou sinking tip e iscas lastreadas ou com olhos de metal, para que afundem rapidamente.
Naturalmente a pesca no inverno se torna menos produtiva do que nas outras estações do ano, más se observar-mos essas regrinhas e termos paciência e perseverança podemos ter gratas surpresas. O importante é pescar!
Abraço a todos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

1º Encontro dos Flynáticos

No dia 17/07 à partir das 9:00hs acontecerá o primeiro encontro dos Flynáticos na loja Edleo Caça e Pesca, na av. Caramuru, 574 Ribeirão Preto.
Vamos atar umas moscas, bater papo, assistir alguns vídeos de fly e beber uma gelada que ninguém é de ferro!
Não deixe de comparecer, pois acredito que se quisermos fortalecer o fly em nossa região, devemos nos conhecer e nos unir.
Grande abraço e conto com a presença de todos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Varas de bambú

Há alguns anos atrás minha escolha de varas para a pesca de peixes pequenos como lambaris e saicangas, e especialmente trutas, sempre recaia sobre as conhecidas marcas do mercado, observando a qualidade e a ação. Comprava o que achava melhor dentro dos meus orçamentos buscando sempre estes atributos. Nesta pesca, ou seja, usando equipamentos até #5, descobri que meu ideal sempre era o das varas mais lentas, de ação quase parabólica, arremessando de média para curta distância, e proporcionando uma luta com o peixe muito equilibrada. Também observei que com este tipo de vara e ação podia usar tippets mais finos, uma regra conhecida por todos os mosqueiros, assim atava moscas menores e capturava peixes muito seletivos. Com estas características fui me aproximando a uma ferramenta de tradição na pesca com mosca: as varas de bambu. Há 2 anos a idéia começou a tomar corpo e pensando em ação, sensibilidade tippets finos e moscas pequenas foi que encarreguei minha primeira vara de bambu.
Garanto que pesquisei bastante, graças à facilidade que brinda a internet, sobre preços, qualidades, comprimento, acabamento etc. O mundo do bambu na pesca com mosca parece infinito, logicamente não é , mas dá essa sensação. Há alguns tipos de bambu usado para a fabricação destas varas. O mais famoso é o bambu Tonkin (Arundinaria amabilis), originário da China, já plantado em outros lugares. Há muitas fórmulas com as quais são feitas as varas, isto é, comprimento, grossura e afinamento progressivo do blank, o que nos leva ter diferentes ações e usos enquanto ao peso da linha. As fórmulas respondem ao nome dos seus criadores: Garrison, Payne, Leonard, Bogart, Gillum http://www.canerod.com/rodmakers/tapers.html, dentre os mais conhecidos e consagrados.
Depois de escolher o peso da linha, consequentemente o blank, vem a questão do acabamento: passadores, cor da linha dos empates, ferrules e reel seat. Aqui o universo e as variantes são muitas, diferentes metais, diferentes madeiras e engates para o reel seat, somam à vara (blank) questões de preço. E neste quesito as opções são muitas. Eu diria que não há varas de bambu muito baratas nem terrivelmente caras, e sim caras, convenhamos de uma faixa de preço de 300 U$ até uns 2000 ou 3000U$ aproximadamente para varas novas, mas as varas de coleção podem chegar a preços exorbitantes http://www.upon-bamboo-fly-fishing-rods-and-reels.com/old-bamboo-rods.html. O encanto da vara de bambu começa na expectativa de encarregar um modelo para o construtor. Eu escolhi um modelo nacional por vários motivos. O preço é mais acessível, o frete além de mais barato é menos complicado, e qualquer manutenção que tenha que fazer fica mais fácil. E realmente as espectativas foram realizadas. O meu pedido enquanto ao acabamento foi atendido plenamente e no que se refere ao funcionamento fiquei mais do que satisfeito. Minha vara #4 ficou do jeito que eu queria. Depois da estréia, fiquei mais feliz ainda, me apaixonei, e para a pesca de truta quase deixei de usar as varas de grafite http://www.youtube.com/watch?v=v3e48I7rqOM&feature=related.
Foi assim que encomendei a vara #2. Quando chegou nas minhas mãos e montei este novo caniço, enlouqueci, não via a hora de estreá-lo. Bem, depois fiquei mais tranquilo e peguei já vários peixes, um verdadeiro prazer pescar com estas varas http://www.youtube.com/watch?v=Vke5c6OCO7Y.
Definitivamente devo reconhecer que agora sou fã incondicional do bambu, mas devo alertar para quem não sabe de alguns detalhes sobre o uso e cuidados com estes caniços. Devemos guardá-los em lugares sem umidade e bem secos depois de pescar. Na pesca o único cuidado é com forçá-los em ângulo agudo na hora da briga com peixe, isto pode criar memória no blank e curvá-los. O resto é só prazer na pesca. Uma vez que pegamos o timming do arremesso a vara manda a linha sozinha para frente. A precisão é maior no arremesso, a ação mais lenta permite usar tippets finos e moscas pequenas para peixes seletivos, sem prejuízo de arrebentar esta parte do leader. Podemos usar as varas de bambu com linhas WF (com peso na frente) ou DT (com peso distribuído). As primeiras de velocidade de arremesso mais rápida, as segundas mais lentas. Minha escolha é a DT, menos agressiva na pesca com mosca seca, recomendada para ação das varas de bambu, mas isto é questão de gosto do pescador, ambas linhas funcionam bem.
Para finalizar gostaria de observar que a questão do uso de bambu é uma escolha puramente pessoal, mas há um fato chamativo: já pesque junto de vários amigos para os quais emprestei a minha vara de bambu para fazer um teste durante a pescaria. A resposta foi unânime em todos os casos: isto é uma loucura.....
(ENVIADO POR EDUARDO HECTOR FERRARO)

Minhas varas : verde, Garrison 209 #4, marrom beige Black Rose #2 (Fórmula Bogart).




Varas de bambu ocas



Pescaria em Lages com vara de bambu do autor


Pescaria Arroyo Malalco(Patagônia argentina)