terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aruanã-GO


Na margem direita do imponente rio Araguaia, próximo à confluência com o rio Vermelho está localizada a cidade de Aruanã-GO. Distante cerca de 360km de Goiânia, esta cidade de pouco mais de 10 mil habitantes tem um turismo efervescente no mês de julho, quando milhares de pessoas se dirigem até lá para aproveitar as famosas praias do Araguaia, porém, fora da temporada a cidade volta a ser pacata e os únicos turistas são os pescadores esportivos.
Conheci a região em 2001 e graças as excelentes pescarias e amizades maravilhosas que fiz ali, retorno todos os anos.
Diferentemente da maioria dos pescadores que ali freqüentam, que vão em busca de peixes de couro, minhas incursões são basicamente aos lagos, onde é possível pescar tucunarés, aruanãs, traíras, bicudas, entre outros.
Quase toda pescaria foi realizada na fazenda Aricá, de propriedade do amigo Luiz. Trata-se de uma fazenda de gado centenária, que possui milhares de hectares de cerrado ainda bem preservados e dezesseis lagos formados pelas águas do rio Araguaia. Esta fazenda tem sua entrada vigiada 24 horas e é terminantemente proibida a entrada de pessoas estranhas. Devido ao seu tamanho e estado de conservação, possui uma fauna e flora exuberante. Seus lagos não sofrem pressão de pesca e possuem grande quantidade de peixes.

1° Dia (Lago da onça)

Com suas águas cor de chá e mata fechada, este lago tem esse nome devido a constante passagem de onças no local. Fato que pudemos comprovar em julho de 2009 quando saímos do lago ao cair da noite e nos deparamos com uma onça preta enorme atravessando a estrada calmamente.
Começamos a pescaria às 6:30hs, eu e o Augusto com fly e meu irmão Fred com bait.
Usamos varas #6 e #8 com linhas WF floating e streamers marabou sem lastro e iscas de EP em cores claras e com bastante brilho. Na parte da manhã tivemos muita ação de peixes pequenos e traíras.

À tarde as coisas mudaram, acertamos um cardume de peixes na faixa de 1 kg que estavam tão agressivos que erravam os ataques nas iscas de superfície (poppers e divers) e insistiam atacando, proporcionando um verdadeiro espetáculo.


Depois de cessar as ações o sol se pôs com a promessa de muitas emoções para os próximos dias.


2° Dia (Lago do Guilherme)
Estranhamente neste lago quase não tivemos ação de tucunarés. A parte da manhã foi muito fraca e paramos mais cedo para saborear uma moqueca de Pintado e tomar umas cervejas geladas.


Depois de um breve descanso voltamos para o lago, porém os tucunarés não apareceram. Caminhamos bastante entre a mata e encontramos a vazante do lago, com cerca de oito metros de largura e uma profundidade que não ultrapassava 50 cm. Por ser uma mata de galeria tivemos que usar as varas #6 somente com rollcast. O local estava repleto de traíras que atacavam qualquer isca que lhes era oferecida, streamers, bugs e poppers, foi muito divertido, más infelizmente esquecemos a máquina fotográfica no carro e não pudemos registrar as dentuças. Quando voltamos para o carro no final da tarde, vimos um cardume de aruanãs, porém estavam longe de nosso alcance com as varas de fly. Meu irmão com uma zara spook júnior conseguiu capturar três bons exemplares, que foram fotografados e soltos. Fim do segundo dia.


3º Dia (Lago Azul)
Cercado por uma mata densa e entrecortado por praias de areia branca, este é sem dúvida o lago mais bonito da fazenda.
Chegamos bem cedo e armamos nossas varas nº 8 na esperança de pegarmos nosso troféu. Logo no primeiro arremesso o Augusto ferra um belo tucunaré em um pedral, usando um Clouser Minnow. No mesmo local e usando um streamer marabou com olho de metal, fisgo um tucunaré também no primeiro arremesso, começou a festa!



A uns 50 metros de onde estávamos meu irmão gritava cada vez que um tucunaré explodia na sua zara.

Foi um dia fabuloso, encontramos vários cardumes em vários pontos do lago. Os peixes não eram grandes más ofereciam uma briga desproporcional ao seu tamanho. Incrível como os tucunarés daquela região são mais fortes e agressivos do que os pescados aqui no sudeste.
Além dos tucunarés, fisgamos também algumas bicudas de pequeno porte que deram um show de saltos acrobáticos.



No final da tarde fomos premiados com a visão de uma anta atravessando o lago e entrando na mata próximo de onde estávamos pescando. Que privilégio pescar em lugar tão bonito e preservado.
À noite um belo churrasco regado à cerveja e muita história.

4° Dia (Lago do cedro)
Partimos bem cedo para este lago que é um dos mais distantes dentro da fazenda.
Mais ou menos na metade do caminho tivemos um imprevisto; havia uma árvore caída impedindo a passagem. Com a ajuda do Sr. Isaías, funcionário da fazenda, vencemos o obstáculo e seguimos em frente.


Quando enfim chegamos veio a decepção: a água do lago estava bastante turva, o que prejudica muito nosso estilo de pesca. Duas horas de arremessos e apenas dois tucunarés pequenos fisgados. Resolvemos então tirar a tarde para descansar.


5° Dia (Lago Água Limpa)
Neste dia optamos por pescar em um lago localizado a 1:30h de barco subindo o rio Araguaia. O local é na verdade um labirinto de lagos interligados, com a água cristalina e muitas pauleiras.
No primeiro local de pesca já fizemos um triplê (os três pescadores com peixes fisgados ao mesmo tempo) a animação foi total. A manhã seguiu com muita ação, os peixes estavam encardumados e atacavam as iscas até bem próximo do barco. Um fato interessante é que neste local só capturamos tucunarés azuis.


Abatemos três tucunarés para o almoço, que foi preparado pelo nosso piloteiro embaixo de uma árvore nas margens do lago.

Depois do lauto almoço e um breve cochilo voltamos à lida. Mesmo com o sol das 13:00hs fritando nossas cabeças, as ações não paravam, era peixe batendo na superfície, meia água e fundo. Pescamos só mais duas horas, pois devido a distância tivemos que parar mais cedo e enfrentar a viagem de volta.

Último dia (Lago Pinguela)
Atendendo a convite de nossa grande amiga Lucy, fomos conhecer o Lago Pinguela, que fica dentro da Fazenda Sobrado, a trinta quilômetros de Aruanã.
Saímos antes do nascer do sol, pois a expectativa era grande, já que tínhamos notícias de capturas recentes de tucunarés de até cinco quilos!
Quando chegamos a ansiedade só aumentou ao vermos a beleza do local. Um lago relativamente estreito e comprido com uma vegetação densa nas margens e uma lâmina d’água verde esmeralda. Parecia saído de um sonho.

Iniciei a pescaria com minha vara #8 e um streamer marabou sem lastro (para variar).
Depois de alguns arremessos infrutíferos peguei uma vara de bait do meu irmão para matar a saudade e arremessei uma zara do outro lado do lago e fisguei uma bicudinha.

Alguns metros à frente, meu irmão encontrou um cardume de tucunarés e se deleitou.

Caminhei cerca de 500m pela mata beirando o lago e arremessando, onde era possível, com o equipamento de fly e capturei alguns tucunarés pequenos.
Por volta das 12:00hs eu estava de volta ao ponto de partida, ao lado de uma ponte sobre o lago. Desmontei minha tralha e fiquei aguardando meus companheiros, pois íamos almoçar ali e mudar de ponto. O Augusto chegou primeiro e fez um arremesso displicente enquanto aguardávamos meu irmão. Depois da segunda puxada de linha a vara n° 8 dele envergou e a carretilha cantou bonito, era um tucunaré enorme que acabara de atacar sua Seaducer branca e vermelha. Depois de várias arrancadas violentas o animal pranchou na areia e mal podíamos acreditar no seu tamanho. Ao ouvir nossos gritos meu irmão correu para o local e também não acreditou no que viu, era um tucunaré azul de mais de 4 kg, comprovados na balança do boga-grip.

Enquanto meu irmão tirava as fotos de praxe, peguei a vara do Augusto emprestada, troquei a isca que estava um pouco danificada e arremessei no mesmo local. Não demorou e veio a batida, um tucunaré de 2 kg abocanhou a isca com vontade e correu para o meio do lago proporcionando uma briga limpa e demorada.

Depois das fotos, paramos para almoçar e recapitular aqueles momentos mágicos que acabáramos de vivenciar.
Após o almoço mudamos de ponto e pegamos mais alguns tucunarés e cachorras.

A tarde nos brindou com um lindo pôr do sol e assim terminou o dia e a nossa estada em Aruanã.
Foram dias maravilhosos em excelente companhia e com pescarias incríveis, que ficarão para sempre em nossa memória.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tudo Pronto!

A ansiedade da espera por uma pescaria é um sentimento engraçado. Queremos que chegue logo o dia, más por outro lado a preparação também é um prazer.
Meses de planejamento, dezenas de telefonemas (...más o rio baixou? Está pegando tucunaré? E os aruanãs, saíram do igapó?) conversas intermináveis no MSN, um mês atando uma quantidade de moscas que abasteceria uma loja, compras (desnecessárias) de tralha, enfim, chegou o dia mais esperado do ano, vamos pescar!
Estou indo para o Araguaia com meu amigo Zé Augusto e meu irmão Fred.
Com certeza terei muita história para contar na volta, aguardem!
Grande abraço.

domingo, 1 de agosto de 2010

Spey

Esta modalidade de pesca foi criada no rio Spey, na Escócia, há cerca de 200 anos. Este rio de grandes dimensões e povoado com grandes cardumes de Salmão na primavera, apresentava uma dificuldade para os praticantes do flyfshing; existem muitos obstáculos em suas margens, o que dificultava os arremessos para trás. Pensando nisso, alguns pescadores locais desenvolveram um equipamento que proporcionava longos arremessos com mínimo esforço e sem a necessidade do back-cast.
Praticada nos Estados Unidos desde a década de 70 e na Argentina há cerca de quinze anos, a modalidade é praticamente desconhecida no Brasil.
Aos poucos, alguns pescadores de fly brasileiros estão se enveredando por este caminho, inclusive alguns “malucos” aqui de Ribeirão Preto. (Não é, Gilson e Eduardo?)
O equipamento de Spey é parecido com o equipamento de fly convencional, porém com algumas diferenças marcantes.
As varas possuem um cabo para duas mãos ao invés de uma e podem ter até 15 pés de comprimento.

As linhas de Spey além de serem mais pesadas, possuem uma concentração de peso diferente. A maior parte do peso está concentrado no final da “barriga” da linha, que tem afunilamento semelhante à de uma linha Triangle Tapper.

As carretilhas são geralmente grandes e do tipo Large Arbor, com grande capacidade de linha.

Outra diferença importante é no que diz respeito ao arremesso. Diferentemente do lançamento com vara de fly, no Spey usa-se as duas mãos, por isso o cabo duplo.

Os arremessos são sempre feitos para frente, semelhantes ao roll-cast, usado no fly tradicional. Não existe back-cast no Spey.

Um pescador que maneje bem uma vara de Spey pode conseguir facilmente arremessos com mais de 40 metros de distância.
Além da eficiência, os arremessos neste estilo de pesca são de uma plasticidade e beleza sem igual.

Atualmente existem variações do Spey tradicional, como o Skagit, Escandinavian e Z-pey, mas não vou entrar em detalhes, pois não sou grande conhecedor do assunto, nem pretendo escrever um tratado sobre o tema, mas sim apresentar a vocês essa modalidade incrível de pesca.
Quem quiser assistir vídeos legais de Spey acesse:
http://vimeo.com/videos/search:spey/0768c056
Abraço a todos