quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mais uma vez, Patagônia fantástica


Mais um ano, mais uma temporada patagônica que sempre surpreende ao pescador, por mais que ele já tenha captado muitas imagens, muitos peixes, muitas situações daquelas que sonhamos. Este ano uma mudança de planos, em vez de visitar aqueles pesqueiros tradicionais em Neuquén, decidimos visitar a região do Rio Pico, em Chubut. A verdade é que tínhamos um contato bem interessante para pescar numa fazenda nessa localidade e isto se tornava muito atraente. Depois de quase 1800 km feitos em 15 horas de viagem chegamos na fazenda para conhecer, mas nosso amigo estava no campo trabalhando com as ovelhas, assim que prometemos voltar e fomos embora. Passamos rapidamente pela pequena cidade de Rio Pico para comprar comida e fomos em direção ao Lago 3 onde ficaríamos em umas cabanas bem pitorescas. Este lugar é simplesmente fantástico, o tinha visitado há 13 anos em companhia do meu pai e de dois renomados guias de Esquel, um deles o “Negro” Brizuela, um verdadeiro ícone da pesca por lá.
Neste ano além da proposta da fazenda, que precisávamos descobrir, nosso alvo não era tanto o Lago 3 e sim o próprio Rio Pico, e foi assim que fizemos depois de averiguar alguns detalhes. O 1º dia fomos ao rio por uma entrada numa fazenda que fica exatamente a
7km do lago.

Aí o Pico fica muito fácil de aceder e para quem gosta de pesca fina é um verdadeiro paraíso, pois mistura águas lentas com trutas de tamanho espetacular e lindas corredeiras para ninfas e streamers. Mas o prato principal é a pesca a pez visto. Simplesmente enlouquecedor. Esse dia foi sensacional, pegamos várias trutas de 40cm, eu peguei uma de 65 cm, magra, mas muito comprida, todas com moscas secas e pequenas ninfas.



Depois acabamos conhecendo a fazenda, isto no dia seguinte. Aí, um secreto “spring creeck” no meio do nada, numa estepe sem fim, cheio de trutas marrons dentre 300g até 1kg. Uma verdadeira festa, apesar do forte vento que enfrentamos nessa imensidão.


Outro ponto que visitamos foi o Lago 4, de fácil acesso, pequeno, com trutas muito lindas; fomos umas duas vezes, as duas com bons resultados. Um lugar tranquilo, pouco agitado, ideal para “belly boats”. Alternamos o uso destes com as tradicionais caminhadas nas beiradas do lago.

Mas o melhor foi conhecer outros acessos em outras zonas do Rio Pico, a do “Cajón Chico” e “Cajón Grande” e também a junção com o Rio Las Pampas e seus canais, um lugar para arrepiar ao mais experiente pescador. Essas opções foram não somente espetaculares pela pesca, senão também pela paisagem. A pesca é realmente sensacional. É fato que não pegamos nenhum “monstro”, que sem dúvida o rio alberga, mas a quantidade de trutas de 40 cm, a tranquilidade do lugar, a displicência de como o peixe come, denotando pouca pressão de pesca, é incrível. Não usamos streamers neste rio, somente secas e algumas ninfas. O mais interessante é que eu particularmente usei secas em tamanho #14 neste trecho do rio, pesquei em lugares de água moderada e rápida tendo umas pegadas espetaculares na Brown Wulff. Imaginem um dia inteiro usando quase somente esta mosca e tendo pegadas sucessivas em cada “run” , em cada “pool”, foi sensacional.




Este rio tem o detalhe que deve-se caminhar bastante, exige um estado físico para caminhada bom, e de segurança no uso de bom calçado e bastões para vadear e atravessá-lo continuamente de uma margem à outra, mas vale a pena a aventura e o esforço.
Como conclusão diria que vale a pena em todo sentido visitar estes pesqueiros, tanto os lagos quanto os rios da região estão forrados de surpresas, e o melhor, tem variantes para todos os gostos.
Eduardo Ferraro

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pike na Espanha

Vídeo de pesca de Pike enviado pelo amigo Antonio Sevilla, da Espanha.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Expedição Lagos do Araguaia


Desde que compramos nossos caiaques, eu e o amigo Alexandre tínhamos a ideia fixa de usá-los nos lagos do rio Araguaia, porém não sabíamos se seria possível devido a alguns problemas de logística, principalmente pelo fato de termos que ir em dois carros para transportar dois caiaques.
Esse problema foi resolvido quando encontramos na internet um tipo de suporte especialmente desenvolvido para caiaque que permitia levar dois ao mesmo tempo em um carro apenas.
Restava saber se seria viável usar os caiaques nos lagos da região de Aruanã, onde pesco todos os anos.
Foram três meses de preparação. Atamos centenas de moscas, prospectamos os locais de pesca no Google Earth, compramos acessórios de acampamento, etc.
Juntaram-se a nós nessa jornada o amigo José Augusto e meu irmão Fred, que iriam pescar de barco e dariam suporte a mim e ao Alexandre quando necessário.
No dia 5 de agosto de 2011 partimos de madrugada para aquela que seria uma das melhores pescarias de nossas vidas.
Treze horas de viagem e finalmente avistamos o majestoso rio Araguaia. Pesco neste mesmo local há 11 anos e sempre me emociono quando chego lá. Nem bem chegamos e fomos assistir ao pôr do sol na beira do rio e traçar os planos para os próximos dias.


O primeiro dia de pesca seria no Lago Azul, na fazenda Aricá, nossa velha conhecida. Chegamos antes do sol nascer e assim que olhamos o lago o coração já acelerou, pois havia uma movimentação enorme de peixes na superfície. Antes mesmo de descermos os caiaques montamos as tralhas e começamos a arremessar da beirada mesmo. Foram muitas ações, aruanãs, bicudas e tucunarés, porém nenhum peixe grande.






Passada a tremedeira, abastecemos os caiaques e o barco com água, refrigerante e lanches e saímos para uma exploração, já que este lago tem quilômetros de extensão.
Navegamos cerca de 2km e começamos a fazer o caminho de volta batendo em todas as estruturas. Na maioria do caminho só capturamos pequenas matrinxãs e aruanãs, más quando chegamos a uma pequena praia onde a água era rasa, começou a festa. Tucunarés azuis entre 1,5kg e 3kg começaram a explodir nas iscas. Eu estava usando uma gurgler branca e prata em um anzol 1/0, que, aliás, foi a campeã da viagem, atei 30 iguais e voltei sem nenhuma.
Nós quatro pegamos vários peixes bons, inclusive fizemos alguns dublês.




Nos três primeiros dias pescamos neste lago, porém as ações foram diminuindo a cada dia, o que nos fez mudar de local.
No quarto dia eu e o Alexandre resolvemos ir até o lago do Cedro, enquanto meu irmão e o Zé foram tentar a sorte no lago da onça.
O lago do Cedro é o mais distante da sede da fazenda, leva mais de uma hora de carro, devido ao caminho difícil, quase tomado pelo mato. Nossa esperança era grande já que ninguém pescava no local havia meses. Descemos os caiaques e de cara vimos que seria um grande dia, uma quantidade incontável de aruanãs serpenteava pelo lago. Nunca tinha visto tantas juntas. Colocamos as Gurglers para trabalhar e fisgamos várias, algumas de bom tamanho.
Em compensação não pegamos nenhum tucunaré, acho que a competição era demais para eles. Más não nos importamos nem um pouco, pescar aruanã é divertido demais, além de fortes, saltam como loucas para se livrar da isca. Foi um ótimo dia, principalmente para o Alexandre que nunca havia tido contato com a espécie.


O Fred e o Zé não tiveram tanta sorte, más pegaram alguns tucunarés, traíras e aruanãs.



No quinto dia fomos para a tão esperada Fazenda Sobrado, onde no ano anterior pegamos um tucunaré de 4kg do barranco.
Apostávamos todas as fichas nesse local, já que desta vez teríamos a autonomia dos caiaques e de um pequeno barco que o pessoal da fazenda nos emprestou.
Nossas expectativas foram superadas, muito peixe grande batendo pra todo lado. Tivemos líderes de 0,50mm estourados, explosões a dois metros do caiaque, cardumes de tucunarés pitanga , que embora menores, são extremamente brigadores, uma fartura.





Neste dia protagonizei uma cena patética. Estava pescando no fundo de uma grota quando a maior traíra que já vi na vida abocanhou minha isca e nadou tão rápido para baixo do caiaque que minha única reação foi travar a linha, resultado: o caiaque virou e fui para água com vara, mochila e tudo mais. Perdi minha máquina fotográfica, com todas as fotos da viagem até então, boga-grip, alicate e um peixe que tinha abatido para o jantar. Depois do susto, eu e o Alexandre caímos na risada, pois o que mais lamentei foi perder a traíra.
No sexto e último dia também pescamos na Sobrado e não foi diferente, pegamos vários tucunarés grandes e outras espécies como cachorra, bicuda, apaiarí e matrinxãs.





Todos nós pegamos vários peixes na faixa de 3kg durante a viagem e meu irmão bateu seu Record com um tucunaré de 4,6kg, sem contar a enorme quantidade de peixes entre 1 e 2kg. O que mais poderíamos querer?
O uso dos caiaques nos permitiu ter acesso a locais que antes nem imaginávamos e isso foi determinante no sucesso da pescaria. Além disso, conseguimos nos aproximar mais de animais e interagir com o ambiente de uma forma nunca antes experimentada.




Passamos dias incríveis em locais preservados, onde a natureza ainda é soberana e surpreendente.
Agora é aguardar ansiosamente a próxima temporada no Araguaia com a certeza de que sempre haverá boas surpresas.

Abraço a todos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Momento mágico

(clique na foto para ampliar)

Foto tirada em Agosto de 2010 em um lago do rio Araguaia.

Eu e o amigo José Augusto pescávamos tucunarés quando um boto tucuxi resolveu se aproximar para roubar nossos peixes. Num raro momento de sorte conseguimos fotografá-lo bem no instante que subiu para respirar. São eventos como este que tornam os dias que passamos na beira do rio inesquecíveis e fazem a vida valer a pena. Pesque, solte, contemple e acima de tudo, respeite a natureza.
Abraço a todos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Bass na Serra Gaúcha


Há muitos anos alimentava o desejo de pescar Blackbass na Serra Gaúcha. Lembro-me das matérias escritas pelo Alvaro Moawad na revista troféu pesca, no ínicio dos anos 90, onde ele narrava com maestria suas pescarias nos Campos de Cima da Serra a procura de bass e traíras, sempre na companhia de seu labrador. Nessa mesma época fiz algumas incursões a represas próximas a São Paulo, más devido a falta de infraestrutura e conhecimento dos pontos de pesca não obtive êxito na tentativa de capturar esse esquivo peixe.
O tempo passou e deixei esse desejo engavetado, até que meu amigo Hector de Florianópolis me enviou uma matéria sobre pesca de Bass no sul e assim reacendeu a vontade de fazer essa viagem.
Entrei em contato com o amigo Gustavo que reside em Canela e é profundo conhecedor dos locais de pesca em toda região da Serra e agendei alguns dias em janeiro para embarcar nessa aventura.
Depois de uma verdadeira “via crucis”, avião até São Paulo, espera de 3 horas no aeroporto, conexão para Porto Alegre e finalmente 120km dirigindo um carro alugado, cheguei a Canela num Domingo às 17:00hs. Deixei minha mala no hotel, peguei minha tralha e dirigi mais 7km até a fazenda Passo Alegre, onde o Gustavo me aguardava para traçarmos os planos para os próximos dias, e é claro, esticar a linha, apesar do cansaço. Só o passeio a esta fazenda já vale a pena. Localizada em meio a campos de altitude e araucárias centenárias, suas principais atividades são a criação de bovinos, ovinos, bubalinos e agora também a pesca esportiva.



Como estávamos no horário de verão pescamos até as 20:00hs. As ações foram bem escassas, pois ventava demais, más mesmo assim consegui fisgar meu primeiro bass gaúcho.

Como o Gustavo tinha alguns compromissos profissionais, pesquei os dois primeiros dias sozinho, o que não foi de forma alguma desagradável. Saía bem cedo munido de uma caixa térmica recheada de iguarias do sul; queijo colonial, copa caseira, pão italiano, e passava o dia todo pescando.
Nestes dois dias capturei mais de 50 exemplares, porém nenhum grande, más peixes na faixa de 800 a 900g eram relativamente comuns.



Não vou me ater à parte técnica dessa pescaria, pois isso meu amigo Hector já fez em outra postagem aqui no blog, porém quero deixar algumas impressões sobre a espécie.
O que pude perceber foi o seguinte, o Blackbass é muito sensível às variações climáticas, sempre que começava a ventar as ações paravam imediatamente, mesmo usando iscas de fundo. Quando o vento cessava e a sensação térmica de calor aumentava, os peixes voltavam a atacar as iscas avidamente, e assim era durante o dia todo.
Outra coisa que pude constatar é em relação aos ataques na superfície, sempre ouvi dizer que os bass não se movem mais do que alguns centímetros para atacar a isca, não foi isso que testemunhei. Quando o lago estava calmo os peixes riscavam a água cerca de dois metros para desferir o ataque, a batida às vezes é sutil, más em alguns momentos eu até me assustava com a violência dos ataques, fazendo lembrar o tucunaré. Em relação à briga não diria que se trata de um peixe muito forte, más oferece resistência quando fisgado.
No terceiro e último dia de pesca o Gustavo reuniu alguns amigos e fomos a uma fazenda na cidade de São Francisco de Paula, local famoso por suas represas repletas de Blackbass. Infelizmente um vento frio assolou a Serra durante todo o dia e a pescaria não foi muito boa, más em compensação fizemos um churrasco ao estilo Gaúcho que foi fantástico.






Para quem vai ao Sul esperando uma pescaria de trófeus, provavelmente vai se decepcionar, más se você quer pescar em meio a paisagens incríveis, desfrutar de boa gastronomia e ainda contar com a conhecida hospitalidade gaúcha, esse é o lugar.

Abraço a todos.