segunda-feira, 2 de abril de 2012

Expedição Lagos do Araguaia


Desde que compramos nossos caiaques, eu e o amigo Alexandre tínhamos a ideia fixa de usá-los nos lagos do rio Araguaia, porém não sabíamos se seria possível devido a alguns problemas de logística, principalmente pelo fato de termos que ir em dois carros para transportar dois caiaques.
Esse problema foi resolvido quando encontramos na internet um tipo de suporte especialmente desenvolvido para caiaque que permitia levar dois ao mesmo tempo em um carro apenas.
Restava saber se seria viável usar os caiaques nos lagos da região de Aruanã, onde pesco todos os anos.
Foram três meses de preparação. Atamos centenas de moscas, prospectamos os locais de pesca no Google Earth, compramos acessórios de acampamento, etc.
Juntaram-se a nós nessa jornada o amigo José Augusto e meu irmão Fred, que iriam pescar de barco e dariam suporte a mim e ao Alexandre quando necessário.
No dia 5 de agosto de 2011 partimos de madrugada para aquela que seria uma das melhores pescarias de nossas vidas.
Treze horas de viagem e finalmente avistamos o majestoso rio Araguaia. Pesco neste mesmo local há 11 anos e sempre me emociono quando chego lá. Nem bem chegamos e fomos assistir ao pôr do sol na beira do rio e traçar os planos para os próximos dias.


O primeiro dia de pesca seria no Lago Azul, na fazenda Aricá, nossa velha conhecida. Chegamos antes do sol nascer e assim que olhamos o lago o coração já acelerou, pois havia uma movimentação enorme de peixes na superfície. Antes mesmo de descermos os caiaques montamos as tralhas e começamos a arremessar da beirada mesmo. Foram muitas ações, aruanãs, bicudas e tucunarés, porém nenhum peixe grande.






Passada a tremedeira, abastecemos os caiaques e o barco com água, refrigerante e lanches e saímos para uma exploração, já que este lago tem quilômetros de extensão.
Navegamos cerca de 2km e começamos a fazer o caminho de volta batendo em todas as estruturas. Na maioria do caminho só capturamos pequenas matrinxãs e aruanãs, más quando chegamos a uma pequena praia onde a água era rasa, começou a festa. Tucunarés azuis entre 1,5kg e 3kg começaram a explodir nas iscas. Eu estava usando uma gurgler branca e prata em um anzol 1/0, que, aliás, foi a campeã da viagem, atei 30 iguais e voltei sem nenhuma.
Nós quatro pegamos vários peixes bons, inclusive fizemos alguns dublês.




Nos três primeiros dias pescamos neste lago, porém as ações foram diminuindo a cada dia, o que nos fez mudar de local.
No quarto dia eu e o Alexandre resolvemos ir até o lago do Cedro, enquanto meu irmão e o Zé foram tentar a sorte no lago da onça.
O lago do Cedro é o mais distante da sede da fazenda, leva mais de uma hora de carro, devido ao caminho difícil, quase tomado pelo mato. Nossa esperança era grande já que ninguém pescava no local havia meses. Descemos os caiaques e de cara vimos que seria um grande dia, uma quantidade incontável de aruanãs serpenteava pelo lago. Nunca tinha visto tantas juntas. Colocamos as Gurglers para trabalhar e fisgamos várias, algumas de bom tamanho.
Em compensação não pegamos nenhum tucunaré, acho que a competição era demais para eles. Más não nos importamos nem um pouco, pescar aruanã é divertido demais, além de fortes, saltam como loucas para se livrar da isca. Foi um ótimo dia, principalmente para o Alexandre que nunca havia tido contato com a espécie.


O Fred e o Zé não tiveram tanta sorte, más pegaram alguns tucunarés, traíras e aruanãs.



No quinto dia fomos para a tão esperada Fazenda Sobrado, onde no ano anterior pegamos um tucunaré de 4kg do barranco.
Apostávamos todas as fichas nesse local, já que desta vez teríamos a autonomia dos caiaques e de um pequeno barco que o pessoal da fazenda nos emprestou.
Nossas expectativas foram superadas, muito peixe grande batendo pra todo lado. Tivemos líderes de 0,50mm estourados, explosões a dois metros do caiaque, cardumes de tucunarés pitanga , que embora menores, são extremamente brigadores, uma fartura.





Neste dia protagonizei uma cena patética. Estava pescando no fundo de uma grota quando a maior traíra que já vi na vida abocanhou minha isca e nadou tão rápido para baixo do caiaque que minha única reação foi travar a linha, resultado: o caiaque virou e fui para água com vara, mochila e tudo mais. Perdi minha máquina fotográfica, com todas as fotos da viagem até então, boga-grip, alicate e um peixe que tinha abatido para o jantar. Depois do susto, eu e o Alexandre caímos na risada, pois o que mais lamentei foi perder a traíra.
No sexto e último dia também pescamos na Sobrado e não foi diferente, pegamos vários tucunarés grandes e outras espécies como cachorra, bicuda, apaiarí e matrinxãs.





Todos nós pegamos vários peixes na faixa de 3kg durante a viagem e meu irmão bateu seu Record com um tucunaré de 4,6kg, sem contar a enorme quantidade de peixes entre 1 e 2kg. O que mais poderíamos querer?
O uso dos caiaques nos permitiu ter acesso a locais que antes nem imaginávamos e isso foi determinante no sucesso da pescaria. Além disso, conseguimos nos aproximar mais de animais e interagir com o ambiente de uma forma nunca antes experimentada.




Passamos dias incríveis em locais preservados, onde a natureza ainda é soberana e surpreendente.
Agora é aguardar ansiosamente a próxima temporada no Araguaia com a certeza de que sempre haverá boas surpresas.

Abraço a todos.

3 comentários:

  1. Alexandre Cristovão4 de abril de 2012 às 22:10

    Caramba, Franklin,
    Que emocionante foi ler este relato.
    Me proporcionou de uma forma única revivenciar essa incrível pescaria, que ficará guardada para sempre na minha memória.
    Meu eterno e sincero agradecimento pelo convite.
    Abraços

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  2. Alexandre, eu é que tenho que agradecer pela amizade e companherismo.
    Muitas outras como essa virão.
    Abraço.

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  3. Po Franklin, ai vc trinca o cabeçote cara. Postar um relato desses é pra deixar a gente passando mal!!!!

    SENSACIONAL a pescaria eim! Desde que comprei o Caiaque sempre pensei como seria pescar nos lagos do Araguaia, lugar que fui em 2007 e, infelizmente, nunca mais voltei...

    Seria mesmo a realização de um sonho pescar por la de caiaque, ainda mais com esses peixes!

    Quem sabe um dia...

    Grande abraço!

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