Mais um ano, mais uma temporada patagônica que sempre surpreende ao pescador, por mais que ele já tenha captado muitas imagens, muitos peixes, muitas situações daquelas que sonhamos. Este ano uma mudança de planos, em vez de visitar aqueles pesqueiros tradicionais em Neuquén, decidimos visitar a região do Rio Pico, em Chubut. A verdade é que tínhamos um contato bem interessante para pescar numa fazenda nessa localidade e isto se tornava muito atraente. Depois de quase 1800 km feitos em 15 horas de viagem chegamos na fazenda para conhecer, mas nosso amigo estava no campo trabalhando com as ovelhas, assim que prometemos voltar e fomos embora. Passamos rapidamente pela pequena cidade de Rio Pico para comprar comida e fomos em direção ao Lago 3 onde ficaríamos em umas cabanas bem pitorescas. Este lugar é simplesmente fantástico, o tinha visitado há 13 anos em companhia do meu pai e de dois renomados guias de Esquel, um deles o “Negro” Brizuela, um verdadeiro ícone da pesca por lá.
Neste ano além da proposta da fazenda, que precisávamos descobrir, nosso alvo não era tanto o Lago 3 e sim o próprio Rio Pico, e foi assim que fizemos depois de averiguar alguns detalhes. O 1º dia fomos ao rio por uma entrada numa fazenda que fica exatamente a
7km do lago.
Aí o Pico fica muito fácil de aceder e para quem gosta de pesca fina é um verdadeiro paraíso, pois mistura águas lentas com trutas de tamanho espetacular e lindas corredeiras para ninfas e streamers. Mas o prato principal é a pesca a pez visto. Simplesmente enlouquecedor. Esse dia foi sensacional, pegamos várias trutas de 40cm, eu peguei uma de 65 cm, magra, mas muito comprida, todas com moscas secas e pequenas ninfas.
Depois acabamos conhecendo a fazenda, isto no dia seguinte. Aí, um secreto “spring creeck” no meio do nada, numa estepe sem fim, cheio de trutas marrons dentre 300g até 1kg. Uma verdadeira festa, apesar do forte vento que enfrentamos nessa imensidão.
Outro ponto que visitamos foi o Lago 4, de fácil acesso, pequeno, com trutas muito lindas; fomos umas duas vezes, as duas com bons resultados. Um lugar tranquilo, pouco agitado, ideal para “belly boats”. Alternamos o uso destes com as tradicionais caminhadas nas beiradas do lago.
Mas o melhor foi conhecer outros acessos em outras zonas do Rio Pico, a do “Cajón Chico” e “Cajón Grande” e também a junção com o Rio Las Pampas e seus canais, um lugar para arrepiar ao mais experiente pescador. Essas opções foram não somente espetaculares pela pesca, senão também pela paisagem. A pesca é realmente sensacional. É fato que não pegamos nenhum “monstro”, que sem dúvida o rio alberga, mas a quantidade de trutas de 40 cm, a tranquilidade do lugar, a displicência de como o peixe come, denotando pouca pressão de pesca, é incrível. Não usamos streamers neste rio, somente secas e algumas ninfas. O mais interessante é que eu particularmente usei secas em tamanho #14 neste trecho do rio, pesquei em lugares de água moderada e rápida tendo umas pegadas espetaculares na Brown Wulff. Imaginem um dia inteiro usando quase somente esta mosca e tendo pegadas sucessivas em cada “run” , em cada “pool”, foi sensacional.
Este rio tem o detalhe que deve-se caminhar bastante, exige um estado físico para caminhada bom, e de segurança no uso de bom calçado e bastões para vadear e atravessá-lo continuamente de uma margem à outra, mas vale a pena a aventura e o esforço.
Como conclusão diria que vale a pena em todo sentido visitar estes pesqueiros, tanto os lagos quanto os rios da região estão forrados de surpresas, e o melhor, tem variantes para todos os gostos.
Eduardo Ferraro