segunda-feira, 5 de julho de 2010

Desabafo

Domingo passado viajei até Miguelópolis-SP a convite de um amigo, para pescar tucunarés na represa de Volta Grande.
Esta represa foi considerada nos anos 90 uma das melhores da região sudeste para a pesca do tucunaré.
Infelizmente hoje, a exemplo de tantas outras, os peixes estão cada vez mais escassos. A pesca predatória é uma constante na região. Em apenas algumas horas de pesca, encontramos quatro barcos com pescadores profissionais estendendo suas enormes redes e varrendo tudo que encontravam pela frente.
Além dos pescadores profissionais, existem também os amadores que criminosamente usam suas redes, tarrafas, anzóis de galho, etc. em busca de qualquer espécie, em qualquer local e em qualquer época do ano.
Eu tive a felicidade de ter sido ensinado desde cedo a respeitar a natureza e soltar a maioria dos peixes, imaginem minha revolta quando vejo essas coisas.
Sempre ouvi dizer que nós somos felizardos, pois o Brasil é um paraíso para a pesca esportiva. Coisa nenhuma! Poderia ser, mas não é. Vou dar dois exemplos, além de Miguelópolis, que comprovam minha afirmação.
Há vinte anos atrás era possível pescar mais de 30 Dourados num único dia, nas corredeiras do rio Taquari, no Pantanal Mato-grossense. Devido ao plantil inconseqüente de soja, suas margens foram assoreadas e hoje em dia nem mandí se pesca mais nesse rio.
Há apenas treze anos atrás o rio Uatumã, no Amazonas, era o destino preferido dos pescadores de tucunaré. Alguns dos maiores recordes de tucunarés registrados na IGFA (International Game Fishing Association) foram capturados ali. Este rio foi explorado sistematicamente, de maneira irresponsável por dezenas de barco-hotéis repletos de pescadores ditos “esportivos”, que enchiam seus isopores de tucunarés enormes, praticamente dizimando a espécie no local.
O Brasil ainda possui inúmeros locais excelentes para prática da pesca esportiva, más até quando? Temos que ir cada vez mais longe em busca dos peixes.
Minha idéia de “paraíso da pesca esportiva” seria um país onde as pessoas tivessem educação, esclarecimento e principalmente respeito pelo meio ambiente. Neste país, as autoridades encontrariam formas sustentáveis de manter os recursos pesqueiros, nós poderíamos praticar nosso esporte favorito e eventualmente comer um peixe fresco pescado em um rio limpo e piscoso, bem próximo de nossas casas. Más infelizmente isso é utopia, estamos muito longe disso.
Certa vez um professor da graduação me disse que os grandes felinos da África estão com os dias contados, pois onde há fome e ignorância é impossível pensar em preservar. Acho que ele tem razão.
Voltando a pescaria de domingo, nem preciso dizer que foi ruim. Pegamos poucos peixes e de tamanhos diminutos. Ao invés de voltar para casa relaxado e com boas lembranças, voltei com um sentimento de revolta e tristeza.
Abraço a todos.

3 comentários:

  1. Franklin... que dureza eim!!!!!

    O duro eh que nao tem nem o que fazer pq vai fazer o que... chamar os florestais???? É a mesma coisa que vc ligar pro disk-sexo!!!!! É patetico!!!!

    Mesmo os amadores.... lembra semana passada la no Pardo??? O carinha falando: Ah... é uma redinha pra pegar um peixinho pra mulher aqui que está grávida....

    Claro que era coisa pequena mesmo... mas aqueles caras tem cara de nego que mete rede e nao ta nem ai.

    É complicado... eu tb me estresso direto ao invez de refrescar a cabeça!

    Abraço!

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  2. Não tem que se espantar, não é somente no Brasil, é no mundo todo. Eu como pescador esportista, além de tentar ajudar no que posso na beira do rio e conscientizar a quem acho que é possível, observo que os paraísos de pesca, os lugares de pesca prístinos são cada vez mais escassos pela cobiça do ser humano e pelo estúpido instinto (atitude!) de dominação sobre as outras espécies, o que nos torna temíveis predadores. Mas acho que isto não pode ser desmembrado de uma ideia de sociedade moderna, poder econômico, miséria, falta de educação, em fim, sub-desenvolvimento como um todo. Acho que já se tem falado bastante sobre o tema, mas poucos focam desta maneira, é um círculo viçoso se começamos a relacionar uma coisa com outra. Resultado: tudo esta em pŕocesso de degradação, esperemos que isto se revista ou demore algum tempo mais....

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  3. le , conheco bem as represas do rio grande, os boms tempos dos anos 80, dava muito peixe, como tambem aqui em igarata, eu tenho observado que nao e a pesca predatoria que esta acabando com o peixe nestas represas (artificias), e a morte do habitat , com agricultura (monocultura) nao ha nada que resiste, le o problema e gente ,muita gente, como disse o gardelonzinho , no mundo tudo e egual , vai pescar agora nao perca tempo,
    estou em califorina , volto di 12, vem para sampa para lingisar um poucou de lamba,

    ps, gardelonzinho, e as varinhas do bamboo ? ta quidando bem das minhas filhas ,
    abraco

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