sexta-feira, 17 de junho de 2011

Fox Séries



Creio que cada mosca pode ter uma história particular, cada padrão pode envolver um momento de criação e o uso de materiais que por vezes imaginamos que vão funcionar para determinados modelos. Assim quando modificamos ou criamos um determinado padrão existe esse maravilhoso momento de combinar esses elementos, pensando em posteriores pescarias e na satisfação de capturar algum peixe com nossa mosca. Há alguns anos que me dedico a atar minhas moscas e o prazer sempre de montar a morsa abrir as caixas de materiais, escolher anzóis, sempre me renova, ainda mais pensando em uma pescaria determinada, um peixe que espero pescar, um lugar, um âmbito que desejo curtir, a busca de uma experiência plena.
Como disse antes, cada mosca tem sua história e esta que apresento agora tem sua origem em uma viagem de férias para Argentina. Estando na casa dos meus pais, minha mãe arrumava um dos guarda-roupas e percebeu que num canto tinha guardada uma antiga estola de raposa, ela tirou e me mostrou. Imediatamente a minha reação foi pedir essa pele pensando obviamente num material para atar algumas moscas. Como já realmente não interessava mais para minha mãe conservá-la, me deu sem objeções. Eu revisei a estola que estava em ótimo estado e imediatamente vieram na minha cabeça uma série de modelos, principalmente streamers. Passada esta história de conseguir o material e de volta para casa vieram as sessões de atado. Atei em primeiro lugar alguns Muddlers que ficaram muito bons, combinando a asa do streamer feita com a raposa e cabeça de pêlo de cervo (muddler). Usei com sucesso essas moscas na Patagônia na temporada seguinte, ficando satisfeito pela mobilidade e naturalidade da mosca quando estava na água. A ação do pêlo de raposa na hora de “nadar” é muito interessante.
Depois de pesquisar mais modelos feitos com o dito material comecei a pensar em algum padrão que combinasse simplicidade, que seja atrativo tanto para pescador quanto para o peixe. A escolha de material natural para este atado é uma predileção minha. Somente usei um material sintético para brilho (cristal flash). Assim a combinação do pêlo da estola (fox tail) com o dubbing de raposa colorido, somado a um pequeno chumaço de cristal flash decantou na “Fox series”. Um grupo de moscas que combinam a sobriedade do pêlo natural e as cabeças coloridas, simples, fácil de fazer. A opção de um anzol de haste curta foi para simplificar a questão do copo da mosca, ela não leva nenhum material neste sentido. Adicionamos também os olhos de metal para que ela afunde rápido. Este item pode ser opcional.




O procedimento de confecção é muito simples. Ata-se no anzol os olhos de metal, logo depois o chumaço de kristal flash, um pouco antes da curva do anzol atamos o chumaço de fox tail, girando-o para que ocupe todo o diâmetro do anzol. Deve sobrar um espaço para atar a cabeça feita com dubbing colorido. A técnica é dividir a linha e colocar o dubbing no meio das fibras e enrolar para que fique bem volumoso, enrolamos o dubbing passando por cima dos olhos de metal e fazemos o nó final. Depois puxamos as fibras de dubbing deixando elas bem soltas, depois penteamos para trás com uma pequena escova. Como podemos ver no vídeo a mosca é muito fácil e rápida de fazer.(http://www.youtube.com/watch?v=HxhNL5sR2w0)

Receita
Anzol: haste curta (Gamakatsu octoppus nº 8 ou 6 )

Olhos de metal (opcional)
Cristal Flash, dica: combinar a cor coma cabeça

Fox tail para a asa do streamer , cor natural.

Dubbing de raposa colorido para a cabeça




Creio que com estas moscas há várias espécies para pescar. Acho possível usar na pesca do bass, do robalo e em anzóis maiores podemos tentar os tucunarés. Até podemos tentar com as trutas patagônicas em ambientes onde os tamanhos e a voracidade ajudam para o uso de streamers. Espero que consigam fazer algumas e que tenham uma ótima pesca.
Um abraço, Eduardo Ferraro.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lagoa perdida

Nada como um dia após o outro, depois de várias pescarias frustradas, finalmente “tirei a barriga da miséria”.
Tudo começou com uma conversa com um amigo sobre uma lagoa aqui da região que segundo ele, era fartamente povoada por tucunarés azuis. Quando ouvi as palavras mágicas “Tucunaré azul” meus olhos brilharam e a ansiedade e curiosidade tomaram conta de mim, eu tinha que conhecer esse local urgentemente. O problema é que o lugar é de difícil acesso, em meio a um verdadeiro labirinto entre canaviais e minha última experiência neste tipo de ambiente não tinha sido nada agradável.
Recorri então ao amigo Alexandre que tem experiência em navegação, pois já participou de um Rally da Mitsubishi Cup.
Com as coordenadas geográficas no GPS, os caiaques em cima do carro e muita vontade de pescar, saímos às 6 da manhã rumo a mais uma aventura.
O trajeto foi relativamente tranqüilo, fizemos alguns ajustes e desvios na rota e uma hora depois chegamos ao local. Já na chegada nos surpreendemos com a beleza do lugar, a lagoa é toda rodeada por mata fechada e possui uma água cristalina e com muita vegetação aquática, sem contar a enorme quantidade de aves, como Saracura, Cará-Cará, Garças, entre outros. Até fotografei um Gavião Carijó que pousou em cima do carro.


Desembarcamos nossos caiaques e começamos as atividades. A enorme quantidade de algas impedia o uso de qualquer isca que não fosse de superfície. Utilizamos uma isca semelhante a um popper, chamada Gurgler. É uma isca bem fácil de atar e um tanto tosca, porém com uma efetividade incrível.

O dia começou um pouco frio e tivemos poucas ações e apenas três capturas na parte da manhã.



Paramos para um lanche por volta das 11:30hs meio desanimados, achei que seria mais uma furada.
Depois da parada a coisa mudou de figura, com a subida da temperatura os peixes começaram a atacar as iscas com enorme voracidade, era uma explosão atrás da outra, muitas delas não resultavam em captura, más só o ataque na superfície já fazia o coração acelerar.
Como a lagoa tem estruturas em toda sua extensão, arremessávamos do meio para as margens e das margens para o meio e em qualquer lugar tínhamos ação, más os maiores peixes foram capturados no meio da lagoa.
Pegamos e soltamos muitos tucunarés, todos azuis e de bom porte para região.






Foi uma grata surpresa encontrarmos uma lagoa tão bonita e com tantos peixes aqui na nossa região, espero que as outras pessoas que pescam ali tenham a mesma postura que nós tivemos e levem somente fotos e lembranças desse verdadeiro paraíso.

Abraço a todos.